O trabalho é uma
lei da Natureza e por isso mesmo é uma necessidade. A civilização obriga o
homem a trabalhar mais, porque aumenta as suas necessidades e satisfações.
(1) Porém não se deve entender por trabalho somente as ocupações materiais,
pois o Espírito também trabalha como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho.
(2)
O trabalho é uma
conseqüência da natureza corpórea do homem. A vida corpórea é necessária ao
Espírito, para que possa cumprir no mundo material as funções que lhe são
designadas pela Providência: é uma das engrenagens da harmonia universal. A
atividade, através do trabalho, lhe surge naturalmente, sem o suspeitar, e na
função apropriada. Acreditando agir por si mesmo, desenvolve sua inteligência
e facilita o seu adiantamento. (3)
O trabalho pode
ser uma prova ou uma expiação, e ao mesmo tempo um meio de aperfeiçoar a sua
inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria na infância intelectual. O
homem busca a sua alimentação, a sua segurança e o seu bem-estar pelo seu
trabalho e à sua atividade. (4)
Tudo trabalha na
Natureza, até os animais, se bem que o trabalho dos animais, assim como a
inteligência, é limitado aos cuidados da conservação. Por isso, entre eles, o
trabalho não conduz a um progresso semelhante ao do homem. No homem o
trabalho tem duplo objetivo: a conservação do corpo e ao desenvolvimento do
pensamento, cuja necessidade, o eleva acima de si mesmo. (5)
Quando se diz que
o trabalho dos animais é limitado aos cuidados de sua conservação, refere-se
ao fim a que eles se propõem, laborando, mesmo sem terem noção, eles se
entregam inteiramente a prover as suas necessidades materiais e ao mesmo
tempo, se tornam agentes que colaboram com os desígnios do Criador. Portanto,
o trabalho dos animais concorre com o objetivo final da Natureza, embora
muitas vezes não se possa observar o seu resultado imediato. (5)
A natureza do
trabalho é relativa à natureza das necessidades; quanto menos necessidades
materiais, menos material será o trabalho. Mas não se deve julgar, por isso,
que o homem permanecerá inativo e inútil, pois a ociosidade lhe seria um
suplício, ao invés de um benefício. (6)
Ninguém esta
livre do trabalho, talvez aquele que possui bens suficientes esteja fora do
labor material, mas não da obrigação de se tornar útil na proporção dos seus
meios e de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o que também é um
trabalho. Se o homem a quem Deus concedeu bens suficientes para assegurar sua
subsistência não está obrigado a comer o pão com o suor da fronte, a
obrigação de ser útil a seus semelhantes é tanto maior para ele, quanto a
parte que lhe coube por adiantamento lhe der maior lazer para fazer o
bem. (7)
Diz Kardec na Revista
Espírita de julho de 1862: Considerando as coisas deste mundo do
ponto de vista extra-corpóreo, o homem, longe de ser excitado pela
negligência e pela ociosidade, compreende melhor a necessidade do trabalho.
Falando do ponto de vista terrestre, esta necessidade é uma injustiça, aos seus
olhos, quando se compara com aqueles que podem viver sem fazer nada: tem-lhes
ciúme, os inveja. Falando do ponto de vista espiritual, esta necessidade tem
sua razão de ser, sua utilidade, e a aceita sem murmurar, porque compreende
que, sem trabalho, ficaria indefinidamente na inferioridade e privado da
felicidade suprema a que aspira, e que não saberia esperar se não se
desenvolve intelectualmente e moralmente. (8)
A lei natural
prevê direitos e deveres, assim, a solidariedade é sempre necessária. Os homens
devem trabalhar em prol de seu conjunto de relação. Faz parte do progresso
geral. Eis porque Deus fez do amor filial e do amor paterno um sentimento
natural, a fim de que, por essa afeição recíproca, os membros de uma mesma
família sejam levados a se auxiliarem mutuamente. (9)
Porém, não basta
dizer ao homem que ele deve trabalhar, é necessário que ele encontre uma
ocupação, e isso nem sempre acontece. Então, quando a falta de trabalho se
generaliza, toma as proporções de um flagelo e surge a miséria. A humanidade
procura uma solução para que haja equilíbrio entre a produção e o consumo,
mas esse equilíbrio, supondo-se que seja possível, sempre terá intermitências
e durante essas fases o trabalhador tem necessidade de viver. Mas, há um
elemento que é importante analisar, e sem o qual a ciência econômica não
passa de teoria: é a educação moral, pois é nela que consiste a arte de
formar os caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é conjunto
de hábitos adquiridos.
Quando se analisa
sobre a massa de indivíduos que diariamente são lançados no meio da
população, sem regras, sem educação, entregue aos próprios instintos, pode-se
prever as conseqüências desastrosas desse fato. Contudo, quando essa arte for
conhecida, compreendida e praticada, o homem poderá melhorar os hábitos de
ordem e previdência para si mesmo e para os seus, com respeito. E estes novos
costumes lhe permitirão atravessar os inevitáveis maus dias de maneira menos
dolorosa.
A desordem e a
imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode
curar. Nisso está o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, a
garantia da segurança de todos. (10)
Se o homem
necessita passar por situações que lhe oferecem o aprendizado moral, ou seja,
da boa conduta, pela experiência precisa aprender o que é o bem e o mal. O
trabalho como é sempre uma atividade coletiva, fornece ao espírito as provas
essenciais para este aprendizado.
NOTAS:
(1) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, questão:
674.
(2) __________, O Livro dos Espíritos,
questão: 675.
(3) __________, Revista Espírita, O
Ponto de vista, julho de 1862.
(4) __________, O Livro dos Espíritos,
questão: 676.
(5) __________, O Livro dos Espíritos,
questão: 677.
(6) __________, O Livro dos Espíritos,
questão: 678.
(7) __________, O Livro dos Espíritos,
questão: 679.
(8) __________, Revista Espírita, O Ponto
de vista, julho de 1862.
(9) __________, O Livro dos Espíritos,
questão: 681.
(10) Ver nota de Allan Kardec após a resposta à questão 685 de O
Livro dos Espíritos.
* * *
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Pesquisa: ClaudiaC e Elio Mollo
Estudo com base no livro terceiro, caps. III do O Livro dos Espíritos (Allan Kardec)
A
ERA DO ESPÍRITO
colaborando com
a construção de
um MUNDO
NOVO e MELHOR
Muito boa essa matéria lida em seu Blog! Importante que se trabalhe mesmo em silêncio, a mente é um livro a ser lapidado diariamente! BRAVO!
ResponderExcluirEfigenia Coutinho
Minha querida amiga, feliz com a sua visita ao meu cantinho. e devo dizer que concordo totalmente com você. Quantas pessoas precisam lapidar sua alma para desenvolver um bom trabalho.
ResponderExcluirCom afeto,
Beki
Oi Beki,
ResponderExcluirPreciso reaprender a trabalhar em silêncio, lapidar a alma como você diz, para poder seguir meu destino em paz...
Gostei muito desta reflexão.
bjo
Olá Su querida,
ResponderExcluirSe eu te conheço não é difícil relembrar. Nada melhor que seguir nosso caminho em paz.
Bjs.,