A vida biológica, em si mesma, é resultado de
automatismos, funcionando com harmonia desde que os equipamentos orgânicos se
encontrem em ordem. Obedecendo ao ritmo cardíaco e às reações cerebrais, todos
os fenômenos apresentam-se repetitivos, previsíveis, dentro dos atavismos
ancestrais. Sujeita aos fatores mesológicos, alimentares nutrientes, no primeiro
período da existência física transcorre sem alterações, marchando
inexoravelmente para a fatalidade do seu
desenvolvimento.
A vida mental se inicia por vislumbres e
percepções à medida que o espírito se assenhoreia dos equipamentos do cérebro,
que lhe decodificam as ondas do pensamento. Dos impulsos iniciais, instintivos,
até à compreensão cósmica e toda uma larga experiência, abre as comportas da
comunicação, para tornar-se lógico, antes de alcançar a etapa superior, que é a
identificação com a Consciência Divina.
O
ser humano, vitorioso nas etapas anteriores pelas quais passou, ao atingir o
momento da razão traz, ínsitos nos refolhos das fixações da aprendizagem
intelectual, os hábitos mentais. São eles que passam a dirigir a sua conduta,
porque toda a programação existencial começa no
pensamento.
É de alta relevância considerar essa
questão, porquanto no pensamento estão as ordens do que se deve realizar e como
proceder à sua execução. Deixando-se conduzir pelas manifestações primitivas,
habituais, repetem-se, sem resultados positivos, os labores que mantêm o ser no
estágio em que se encontra. Sem o valor moral para alcançar novos patamares do
processo da evolução.
Desde
que no pensamento está a diretriz da conduta, pensar corretamente deve
constituir o grande desafio de quem almeja o triunfo.
Em
decorrência das vivências anteriores, ficaram mais profundamente marcados os
pensamentos de dor, de angústia, de pessimismo, em razão da sua força
desequilibradora. São essas evocações inconscientes que primeiro assaltam a casa
mental do indivíduo no seu cotidiano.
Vinculado
aos mecanismos repetitivos da conduta sofredora, ele mantém as tendências para o
masoquismo, cultivando, sem dar-se conta, os hábitos mentais geradores de
conflitos e de padecimentos.
Constrói a idéia, e sofre-a, de que tudo
sempre lhe há de sair mal, não se esforçando para que as suas tentativas de
mudança se coroem de resultados positivos. Preserva conceitos destrutivos a
respeito das pessoas, coisas e acontecimentos, alimentando a fonte das
irradiações mentais de cargas pesadas quão degenerativas, que lhe impossibilitam
o direcionamento correto, franco e saudável, que recarrega de energias
realizadores os centros da vontade então viciada.
Tornando-se
vítima espontânea desse pessimismo, que sustenta no campo das idéias, estabelece
padrões negativos a respeito de situações e pessoas, não alterando a forma de
pensar nem de agir, assim vivendo sob o estigma do mau humor, das insinuações
malsãs, da falta de sorte, em que se refugia a fim de evitar a luta necessária
para o êxito. Os seus clichês mentais sobrepõem-se a todas as visões de limpidez
psíquica a respeito da vida e das demais criaturas, tornando-se a sua existência
um caos psicológico, por falta e exclusiva do desejo de alterar a forma de
pensar e de ser.
Desde
que todas as expressões do evoluir dependem do pensamento, porque dele provêm, é
fácil pensar de forma variável, substituindo aquele que seja incorreto por outro
que pareça favorável. Como a pessoa poderá dizer que não sabe discernir qual o
ideal daqueloutro que é pernicioso, basta que faça uma avaliação do que lhe
constitui bengala para sustentar o já experimentado e perturbador, passando a
novo tentame de construção diferente.
A
princípio, a acomodação levará o indivíduo a repetir-se e a não acreditar no
êxito da experiência em formação. Cabe-lhe, nesse caso, insistir e perseverar,
abrindo novo espaço no campo mental viciado, plantando as sementes novas do
otimismo e da esperança, a fim de sair do estado doentio. Logo depois, é
imprescindível começar a valorizar tudo quanto se encontra à sua volta,
estabelecendo novos padrões de compreensão, assim libertando-se das construções
negativas-pessimistas.
O
novo hábito se irá implantando lentamente no sub-consciente até tornar-se parte
integrante do comportamento.
Pensas
bem ou mal é uma questão de hábito. Toda vez que ocorrer um pensamento servil,
doentio, perverso, malicioso, injusto, de imediato substituí-lo por um digno,
saudável, amoroso, confiante, justo, sustentando-o com a onda de irradiação do
desejo de que assim seja realizado. O que se pensa, torna-se realidade, como é
natural. Eis por que, pensar e agir são termos da mesma equação existencial.
Primeiro pensar, para depois atuar, a fim de que não venha a agir antes,
arrependendo-se quando passe a reflexionar.
As construções mentais superiores, que
produzem os hábitos saudáveis, renovam-se e crescem no ser, originadas do
espírito que as capta do Pensamento Divino, de onde procedem todas as forças da
edificação e da realização total.
Do Livro: VIDA: DESAFIOS E
SOLUÇÕES
DIVALDO
P. FRANCO/JOANNA DE ÂNGELIS
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