Rieu

23/08/2017








Três Macaquinhos Sábios 


Tenho a certeza que já todos usamos aqueles macaquinhos emoji que têm os olhos, as orelhas e as bocas tapadas. Mas já alguma vez pensaram de onde eles vêm e o que significam? A origem destes três amiguinhos é um pouco obscura. Eles têm origem no Japão e são mostrados nas paredes de um Tempo Shinto, mas têm raízes budistas e talvez também Hindus. Embora na nossa cultura ocidental tenham normalmente a conotação negativa de alguém que fecharia os olhos a uma malfeitoria, o seu significado original é o de que é sensato "não ver o mal, não falar mal e não ouvir o mal" (já agora, por vezes é mostrado um quarto macaquinho com as mãos cruzadas significando "não farás o mal").

A porção desta semana chama-se Shoftim, que significa "Juízes" e na Torah vamos ler os detalhes sobre como levar a cabo o sistema judicial. O Rav ensinava com frequência, chegados a esta porção, que existem portões pelos quais a alma passa quando deixa este mundo. Em cada um, há um guarda, que ora deixa a alma entrar, ou não. Estes portões correspondem aos portões que temos no nosso próprio ser - os nossos olhos, bocas, narizes, etc - as aberturas a partir das quais apercebemos a nossa realidade.

Já vos aconteceu não gostar de uma pessoa por um motivo qualquer e por isso qualquer coisa que a pessoa faça, mesmo que seja totalmente benigna, está mal? Quase de certeza que já todos passamos por isso.

A razão para tal é que nós não percebemos a realidade como ela é. Os nosso olhos vêem, ou os nossos ouvidos escutam algo, mas tudo é filtrado pela nossa mente. No caso de alguém que não gostamos, vêmo-lo com uma lente interna que leva a que tudo o ele faz seja desagradável.

Nenhum de nós é verdadeiramente objetivo. Numa medida ou outra, a nossa percepção foi adulterada. O nosso modo de ver o mundo é formado por muitas coisas - o ambiente em que crescemos, sociedade, religião, cultura, sistema de crenças, etc. No entanto, é dito na Bíblia que, quando deixamos este mundo, não apenas seremos julgados pelos nosso actos mas também pelos nossos sentidos, pelo modo como percebemos a realidade. Então, fazer o quê? Ser espiritualmente consciente é viver com uma sensibilidade ao que deixamos entrar e sair dos nossos olhos, ouvidos e bocas. Somos dotados com o poder de escolher ver o que está certo nos outros em vez de vermos o que está errado neles. Podemos estar conscientes da oportunidade de dizer uma palavra bondosa sobre outra pessoa e de nos abstermos de escutar má língua. Mesmo que seja alguém com quem não nos damos de todo, podemos encontrar pelo menos uma boa característica e fazer dela o nosso foco, percebendo que criamos uma benção para nós mesmos através desse esforço.

Estar consciente dos seus portões não significa pormo-nos á frente de gente nefasta ou desistir do nosso bom senso ou razoabilidade. Significa isso sim pensar no que se vai dizer antes de o dizer, ou recuar e ter em linha de conta outro ponto de vista antes de reagir.
É tão fácil e rápido chegar ao pé de alguém, medi-lo e num ápice comprarmo-nos para encontrar um defeito (embora isso normalmente tenha mais a ver com a nossa insegurança do que com qualquer outra coisa). Ver com aquilo que em hebraico chamamos um "ayn tov" (um olho bom) significa interpretar com bondade, lembrar que existe uma centelha divina em cada um dos filhos de Deus. Parece um esforço pequeno, talvez inconsequente, mas quando vemos a Luz nos outros, a nossa própria Luz brilha mais forte neste mundo.

Desejos de uma grande semana de luz e transformação.

Karen

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