A FACE OCULTA OU
INEXPLORADA.
“As pessoas
andam tristes. Meus amigos são amigos de ninguém”. (1)
Debruçamo-nos
na janela, de Johari, quando queremos ter consciência, de como o outro nos
percebe e também lançar luz no processo de dar e receber feedback. Teremos
facilitada a sensibilização e poderemos descobrir comportamentos e atitudes que
dificultam os nossos relacionamentos interpessoais.
Temos
uma área interior propositalmente oculta. O outro não deve conhecê-la. Ocultamos
sentimentos, opiniões e percepções, pressionados pelo medo da rejeição.
Acresce-se um diretório interior desconhecido ou inexplorado por nós e que
podemos adentrar. Chegamos ao mundo das motivações inconscientes. Quem pode
acessá-lo, mesmo antes de nós, é o espírito desencarnado nosso protetor e guia
(ou adversário).
Emmanuel lembra
que ”não convém concentrar em organizações mutáveis do plano carnal todas as
nossas esperanças e aspirações. A ciência não é a mesma que servia ao homem, nas
horas que se foram, e a do futuro será muito diversa daquela que o auxilia no
presente. Em vista de semelhante
realidade, por que se apaixonar, com tanta veemência, por criaturas falíveis e
programas transitórios?”
Vamos lembrar
que a Argentina possui prêmio Nobel em Química (1970) e dois em
Fisiologia/Medicina (1947-84). A Venezuela também já o conquistou em 1980. E o
Brasil?
A maioria de
nossas universidades não faz pesquisa.
Para exercer sua
função, a universidade exige a produção do saber, a negação de um saber passado
para a construção do novo. Surge o binômio indissociável, ensino e pesquisa,
movendo o processo de superação.
A atração pela
investigação cientifica parece ser uma doença congênita. Muitos se candidatam ao
laboratório, terminam o doutorado e fim. Acomodam-se. Talvez porque sentem a
perda do poder aquisitivo, da desvalorização social de sua carreira ou a perda
da dignidade do papel docente. Possuem baixo nível de resistência à
frustração.
Por outro lado,
apesar dos entraves institucionais, alguns docentes interiorizam o ethos do
trabalho científico.
O Ethos da
ciência é um conjunto de crenças acerca do próprio papel do cientista. A
internalização de valores e crenças se dá ao longo do processo de socialização.
Nos países em desenvolvimento a socialização para a pesquisa ocorre tardiamente,
isto porque a ciência não é um valor nesta sociedade, o cientista não goza do
prestígio social que lhe é conferido nos países onde o desenvolvimento da
pesquisa científica é parte fundamental do projeto global da sociedade. Muitos
poderão aprender a metrificar ou fazer versos, mas poucos produzirão poesia.
A influência da
pesquisa na renovação do ensino se realiza também pela comunicação dos
resultados obtidos, pelo clima de indagação e efervescência intelectual que a
pesquisa deve gerar.
Estamos comendo
moscas em outros setores. Diante das condições que são oferecidas aos atletas no
Brasil, todos são campeões, só pelo fato de competir. O professor universitário,
docente-pesquisador brasileiro, também se depara e compete com “atletas” de
outros países desenvolvidos. Ele sabe que precisa resistir, porque a colonização
intelectual é tão cruel como a econômica. (2)
Sentimos algum
desconforto ao ouvir críticas aos congressos espíritas, sobre a ausência da
produção do conhecimento. São pertinentes. Mas, se examinarmos o contexto social
e cultural, desenvolveremos mais tolerância. Pensar nas críticas da hora é um
dever. Não podemos “rejeitá-las” sem refletir.
Nas pesquisas
com espíritos, o objeto é passivo e se procura apoio na experimentação ou na
analogia. Sempre se parte do fato para se chegar à teoria. O cientista usa a
Estatística. O observador deve ser passivo. Aguardará que o fato ocorra, para
observar e analisar a reincidência dos fenômenos. Temos um pesquisador
encarnado, o espírito desencarnado, agindo e reagindo, racionalmente. Temos
ainda o médium e o espírito que se interpenetram, para o efeito da ação
conjunta.
O pesquisador é
um dos elementos essenciais da pesquisa, não haverá condições para a
neutralidade axiológica, como nas “exatas”. A mente do experimentador tem o
poder de interferir.
Nas ciências
exatas o estado moral não tem a menor interferência, pois um cientista ético e
um canalha poderão chegar às mesmas conclusões. No estudo dos fenômenos
psíquicos isso não ocorre. É necessário criar um clima adequado, para que
funcione a lei de afinidade psíquica.
Hoje na
universidade os maiores problemas se concentram nos entraves institucionais, na
ausência do ethos científico. Na investigação mediúnica a questão moral é
monumental fator limitante. (3) Neste terceiro milênio isso será superado.
Hoje percebemos
como está mais difícil trabalhar, ser solidário e tolerante. Na Universidade,
dominada pela política materialista, o terreno é difícil de arar e semear. (4)
Vamos demorar mais um pouco para compreender a Ética da
Tolerância/Amor/Fraternidade, mesmo entre os espíritas universitários. Educação
é um processo.
Com reuniões na
hora do almoço, num Núcleo Espírita Universitário, obviamente não faremos
pesquisa. Mas poderemos socializar as que estão sendo realizadas. As atividades
de pesquisa desenvolvidas por professores são percebidas por eles como uma
prática que pode ser compreendida como a expressão de um ethos e de visão de
mundo, internalizadas através de símbolos e processos
socializadores.
A função
reprodutora supõe uma postura acrítica e de conformidade, enquanto a função
produtora do conhecimento lhe exige uma postura crítica e de liberdade. É
preciso reunir um pequeno número de pessoas com interesse comum para que haja a
massa crítica necessária.
Depois de muito
tempo de trabalho técnico-especializado deixei a informação de que o homem, o
paciente, é um ser de natureza espiritual. Isso é importante, pois influenciará
a Bioética e o Biodireito. (5) Mas, foi o máximo que consegui e não sei quando
será considerada, pelos meus pares.
Numa
universidade dominada pela política materialista, como poderemos discutir com as
pessoas a sua natureza espiritual? Mesmo depois da morte elas se questionam.
“Serei eu, por acaso, um espírito” (6)
Ainda não temos
massa crítica na universidade para a discussão do plano
espiritual.
É nesse contexto
social e cultural que estamos realizando congressos espíritas. Ainda não temos
as melhores condições, mas podemos incentivá-las. Aí, o exercício se encontra no
capítulo da Ética da Tolerância/Amor/Fraternidade e arar, semear, deixando nosso
“grito de alerta”, como o Gonzaguinha.
“Veja
bem! Nosso
caso é uma porta
entreaberta. E eu
busquei a palavra mais
certa. Vê se
entende o meu grito de
alerta.” “Veja bem!
É o
amor agitando o meu coração, há um lado
carente dizendo que
sim e essa vida dá
gente gritando que
não.”
Podemos
estimular o pensamento científico no movimento espírita.
O horário
integral na universidade nos fez pensar em colaborar com os espíritas alunos,
funcionários e professores. Precisamos lembrar que é através do processo de
socialização que valores e crenças passam a ser entendidas e visualizadas, como
referências importantes para o desenvolvimento da ciência e do
saber.
Pensamos na
criação de Núcleos Espíritas Universitários. Em 1992, foi criado o Núcleo Espírita
Universitário do Fundão, situado na Ilha de mesmo nome, local da maioria dos
edifícios da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esse grupo foi um foco de
contaminação espírita na universidade. Em seguida foi criado virtualmente o
NEU-RJ, para o trabalho em conjunto com o auxílio da
Internet.
Em dois anos,
foram criados outros Núcleos. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),
Sociedade Universitária Augusto Motta (SUAM), Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade do Rio
de Janeiro (UNI-RIO), Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais.
(7)
As dificuldades
aumentaram nestes governos recentes, onde a corrupção foi um cupim. Muito
daquilo que foi realizado, aparentemente, está perdido.
No futuro
teremos entre nós congressos onde poderemos receber opinião contrária e usar a
“legítima defesa”.
Valho-me, de
novo, de uma experiência vivida num congresso
extranacional.
Sobre o nosso
diagnóstico, uma crítica foi lançada.
Entre tantos
pesquisadores, uma única divergência. Ficou um espinho na
carne.
De volta ao
Brasil, os experimentos foram ampliados e a certeza
confirmada.
Anos depois, o
espinho extraído rendeu dividendos no exterior (8)
O comportamento
da sociedade brasileira, de desvalorização da pesquisa científica na produção do
conhecimento, pode explicar ausências e deficiências entre
nós?
Para valorizar a
crítica, uma transversalidade.
Na ausência da
diversidade a menina mofou. (9)
Referencias na
WEB
“As pessoas
andam tristes. Meus amigos são amigos de ninguém”. (1)