Comunicação 
espontânea obtida pelo senhor L., um dos médiuns da 
Sociedade.
É uma doutrina que deveria converter os mais 
incrédulos pelo seu encanto e pela sua doçura: a dos anjos guardiães. Pensar que 
se tem, junto de si, seres que vos são superiores, que estão sempre aí para vos 
aconselhar, vos sustentar, para vos ajudar a escalar a áspera montanha do bem, 
que são amigos mais seguros e mais devotados que as mais íntimas ligações que se 
possa contrair nesta Terra, não é uma idéia bem consoladora? Esses seres estão 
aí por ordem de Deus; foi ele quem os colocou junto de nós, e estão aí pelo amor 
dele, e cumprem, junto de nós, uma bela mas penosa missão. Sim, em qualquer 
parte que estejais, ele estará convosco: os calabouços, os hospitais, os lugares 
de deboche, a solidão, nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas do 
qual vossa alma sente os mais doces impulsos e ouve os sábios 
conselhos.
Por 
que não conheceis melhor essa verdade! Quantas vezes ele vos ajudou nos momentos 
de crise, quantas vezes vos salvou das mãos de maus espíritos! Mas, no grande 
dia, esse anjo do bem terá, freqüentemente, a vos dizer: "Não te disse isso? E 
tu não o fizeste. Não te mostrei o abismo, e tu nele te precipitaste; não te fiz 
ouvir na consciência a voz da verdade, e não seguiste os conselhos da mentira?" 
Ah! questionai vossos anjos guardiães; estabelecei, entre ele e vós, essa 
ternura íntima que reina entre os melhores amigos. Não penseis em não lhes 
ocultar nada, porque são o olho de Deus, e não podeis enganá-los. Sonhai com o 
futuro, procurai avançar nesse caminho, vossas provas nele serão mais curtas, 
vossas existências mais felizes. Ide! homens de coragem; lançai longe de vós, 
uma vez por todas, preconceitos e dissimulações; entrai no novo caminho que se 
abre diante de vós; caminhai, caminhai, tendes guias, segui-os: o objetivo não 
pode vos faltar, porque esse objetivo é o próprio Deus.
Àqueles 
que pensam que é impossível a espíritos verdadeiramente elevados se sujeitarem a 
uma tarefa tão laboriosa e de todos os instantes, diremos que influenciamos 
vossas almas estando a vários milhões de léguas de vós: para nós o espaço não é 
nada, e mesmo vivendo em um outro mundo, nossos espíritos conservam sua ligação 
com o vosso. Gozamos de qualidades que não podeis compreender, mas estejais 
seguros que Deus não nos impôs uma tarefa acima de nossas forças, e que não vos 
abandonou sozinhos na Terra, sem amigos e sem sustentação. Cada anjo guardião 
tem o seu protegido, sobre o qual ele vela, como um pai vela sobre seu filho; 
ele é feliz quando o vê seguir o bom caminho, e geme quando seus conselhos são 
desprezados.
Não 
temais nos cansar com vossas perguntas; ficai, ao contrário, em relação conosco: 
sereis mais fortes e mais felizes. São essas comunicações, de cada homem com seu 
espírito familiar, que fazem todos os homens médiuns, médium ignorados hoje mas 
que se manifestarão mais tarde, e que se espalharão como um oceano sem limites 
para refluir a incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instruí; homens 
de talento, elevai vossos irmãos. Não sabeis que obra cumpris assim: é a do 
Cristo, aquela que Deus vos impôs. Por que Deus vos deu a inteligência e a 
ciência, se não para
partilhá-las 
com vossos irmãos, certamente para avançá-los no caminho da alegria e da 
felicidade eterna.
São 
Luís, Santo Agostinho.
Nota:
A 
doutrina dos anjos guardiães, velando sobre seus protegidos, apesar da distância 
que separa os mundos, nada tem que deva surpreender; ela é, ao contrário, grande 
e sublime. Não vedes sobre a Terra, um pai velar sobre seu filho, embora dele 
esteja distante, ajudar com seus conselhos por correspondência? Que haveria, 
pois, de espantoso que os espíritos possam guiar aqueles que tomam sobre sua 
proteção, de um mundo ao outro, uma vez que, para eles, a distância que separa 
os mundos é menor que aquela que, na Terra, separa os continentes?
Autor: Allan Kardec
"Revista espírita", janeiro de 1859
'Lu Bandesh' via Vidas Passadas 

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