Trabalha
Trabalha, jovem, sem cessar
trabalha:
a
testa honrada, que em suor se molha,
jamais ante outra frente se
sonroja,
nem
se rende servil a quem a ultraja.
Tarde a neve dos anos
coalha
sobre quem longe a indolência
arroja;
seu
corpo ao carvalho pelo forte, enoja;
sua
alma do mundo ao lodazal não baixa.
O
pão que dá o trabalho é mais saboroso
que
o escondido mel que com empenho
liba a abelha na roseira
frondosa.
Se
comes esse pão serás teu dono,
mas
se do lazer rodas ao abismo
tudo sê-lo poderás, menos tu mesmo.
Estuda
É
porta da luz um livro aberto,
entra por ela, menino, e de
seguro
que
para ti serão no futuro
Deus mais visível, Seu poder mais
verdadeiro.
O
ignorante vive no deserto,
onde é o água pouca, o ar
impuro.
Um
grão lhe detém o pé inseguro,
caminha tropeçando, vive
morto.
Nesse de tua idade abril
florido
recebe o coração as
impressões
como a cera ao toque das
mãos.
Estuda e não serás quando
crescido
nem
o brinquedo vulgar das paixões,
nem
o escravo servil dos tiranos.
Descansa
Já
é branca tua cabeça, pobre ancião,
Teu
corpo, qual espiga ao redemoinho,
Dobra-se e rende fácil;
já
tua mãoo amigo bordão do peregrino
Maneja sem compasso, e o ar
são
É a
teu enfermo coração mesquinho;
Deixa a alforja, vê, descansa
ufano
Na
sombreada orla do caminho.
Descansa, sim, mas como o sol se
acuesta,
Viajante como tu, sobre o
ocaso,
E
ao astro que lhe segue um raio presta.
Entreabre com amor teus lábios
velhos
E
alumia ao jovem que te segue o passo
Com
a bendita luz de teus conselhos.
Autor
Elías Calixto Pompa (1836 – 1887)
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