Rieu

12/01/2015

Trabalha, Estuda, Descansa...


Trabalha
Trabalha, jovem, sem cessar trabalha:
a testa honrada, que em suor se molha,
jamais ante outra frente se sonroja,
nem se rende servil a quem a ultraja.
Tarde a neve dos anos coalha
sobre quem longe a indolência arroja;
seu corpo ao carvalho pelo forte, enoja;
sua alma do mundo ao lodazal não baixa.
O pão que dá o trabalho é mais saboroso
que o escondido mel que com empenho
liba a abelha na roseira frondosa.
Se comes esse pão serás teu dono,
mas se do lazer rodas ao abismo
tudo sê-lo poderás, menos tu mesmo.
 
Estuda
É porta da luz um livro aberto,
entra por ela, menino, e de seguro
que para ti serão no futuro
Deus mais visível, Seu poder mais verdadeiro.
O ignorante vive no deserto,
onde é o água pouca, o ar impuro.
Um grão lhe detém o pé inseguro,
caminha tropeçando, vive morto.
Nesse de tua idade abril florido
recebe o coração as impressões
como a cera ao toque das mãos.
Estuda e não serás quando crescido
nem o brinquedo vulgar das paixões,
nem o escravo servil dos tiranos.
 
Descansa
Já é branca tua cabeça, pobre ancião,
Teu corpo, qual espiga ao redemoinho,
Dobra-se e rende fácil;
já tua mãoo amigo bordão do peregrino
Maneja sem compasso, e o ar são
É a teu enfermo coração mesquinho;
Deixa a alforja, vê, descansa ufano
Na sombreada orla do caminho.
Descansa, sim, mas como o sol se acuesta,
Viajante como tu, sobre o ocaso,
E ao astro que lhe segue um raio presta.
Entreabre com amor teus lábios velhos
E alumia ao jovem que te segue o passo
Com a bendita luz de teus conselhos.
 
Autor 
Elías Calixto Pompa (1836 – 1887)

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