Filme "Whiplash" faz refletir sobre quais são os limites para atingirmos um objetivo
Imagem: Divulgação
"Whiplash - Em busca da perfeição" (Whiplash/2014), um dos
candidatos a melhor filme no Oscar 2015, é um filme incômodo. Não pelas cenas
ou atuações (que são excelentes), mas pelo o que ele provoca. A história se dá
em torno do jovem Andrew (Miles Teller) que busca ser um baterista de sucesso,
e sua relação com um professor exigente e mestre do jazz Terence Fletcher (JK
Simmons, que concorre ao Oscar de melhor ator coadjuvante).
O incômodo ocorre pelo caminho que o longa-metragem segue. Poderia ser
mais um filme de um jovem que deseja realizar um sonho e precisa atravessar
dificuldades para alcançar o que almeja. Mas o seu diferencial é justamente ir
além e provocar a reflexão sobre o que separa um sonho de uma obsessão, e até
onde devemos ir na busca por um objetivo.
SEGUIR O PRÓPRIO CAMINHO OU ATENDER ÀS EXPECTATIVAS ALHEIAS?
Como tudo em nossa vida, sempre podemos olhar a história por ângulos
diferentes. Alguns podem julgar e pensar que nunca iriam se sujeitar ao que o
protagonista Telles aceitou para obter a aprovação de um grande mestre. Outros
julgariam os métodos de Fletcher. Talvez os personagens Telles e Fletcher
representem os extremos, já que ambos são inflexíveis em algum ponto e
acreditam que há apenas um caminho que nos leva para onde desejamos ir."Talvez os personagens Telles e Fletcher representem os extremos, já que
ambos são inflexíveis em algum ponto e acreditam que há apenas um caminho que
nos leva para onde desejamos ir."
Porém, o garoto Telles tem uma única certeza e não mede esforços para
realizar o que tanto almeja. Então, convido-os a pensar além das partes e
ampliar o olhar para o todo que o filme representa.
Quantas vezes em nossas vidas somos limitados pelos outros? Muitos
crescem com carreiras e caminhos já definidos pela família, como se houvesse a
obrigação de perpetuar os papeis e convenções familiares. Ou então, quando
fazemos uma escolha muito diferente do convencional, o apoio tão esperado da
família a favor da nossa decisão nunca chega. O normal é sermos dissuadidos de
realizar grandes feitos ou de tentar seguir nosso próprio caminho, independente
de algo ou alguém.
BOM É MELHOR QUE ÓTIMO
Por outro lado, quem disse que só seremos felizes alcançando a
perfeição? Nós nos cobramos demais, e mesmo que a realização do nosso sonho
esteja próxima, é como se a jogássemos para longe, por não nos sentirmos
merecedores dela."Nós nos cobramos
demais, e mesmo que a realização do nosso sonho esteja próxima, é como se a
jogássemos para longe, por não nos sentirmos merecedores dela."
Um dos lemas da Psicologia Positiva é
o de que o bom é melhor do que o ótimo. E talvez possamos alcançar mais
facilmente nossos objetivos se deixarmos de lado o ideal da perfeição.
Mas qual seria o limite entre um sonho e uma obsessão? A verdade é que a
resposta é de cada um. Definitivamente, não é possível enquadrar todos em
apenas um padrão. Cada um tem uma história de vida, aprendizados e uma maneira
única e singular de encarar seus problemas. Talvez, para atingir aquele sonho
que tanto almeja, você precise apostar todas as fichas. Ou, então, precise ter
perspectiva e saber que há outros caminhos que podem levar a um mesmo lugar. A
única certeza é a de que devemos ter sonhos e traçar os objetivos para
alcançá-los. E neste momento, mesmo que os outros lhe digam para desistir por
ser impossível, você pode ir além. Talvez seja impossível mesmo. Mas, se não
tentar, como irá saber?
SOBRE
O AUTOR: MARIA CRISTINA
É psicóloga e atende em consultório em BH. Tem amor pela profissão e o
desejo constante de auxiliar as pessoas a enfrentar suas crises e a buscar o
autoconhecimento. Saiba mais »
Revista PERSONARE
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