Rieu

28/01/2015

O Limite Entre Sonho E Obsessão

Filme "Whiplash" faz refletir sobre quais são os limites para atingirmos um objetivo
Imagem: Divulgação


"Whiplash - Em busca da perfeição" (Whiplash/2014), um dos candidatos a melhor filme no Oscar 2015, é um filme incômodo. Não pelas cenas ou atuações (que são excelentes), mas pelo o que ele provoca. A história se dá em torno do jovem Andrew (Miles Teller) que busca ser um baterista de sucesso, e sua relação com um professor exigente e mestre do jazz Terence Fletcher (JK Simmons, que concorre ao Oscar de melhor ator coadjuvante).
O incômodo ocorre pelo caminho que o longa-metragem segue. Poderia ser mais um filme de um jovem que deseja realizar um sonho e precisa atravessar dificuldades para alcançar o que almeja. Mas o seu diferencial é justamente ir além e provocar a reflexão sobre o que separa um sonho de uma obsessão, e até onde devemos ir na busca por um objetivo.
SEGUIR O PRÓPRIO CAMINHO OU ATENDER ÀS EXPECTATIVAS ALHEIAS?
Como tudo em nossa vida, sempre podemos olhar a história por ângulos diferentes. Alguns podem julgar e pensar que nunca iriam se sujeitar ao que o protagonista Telles aceitou para obter a aprovação de um grande mestre. Outros julgariam os métodos de Fletcher. Talvez os personagens Telles e Fletcher representem os extremos, já que ambos são inflexíveis em algum ponto e acreditam que há apenas um caminho que nos leva para onde desejamos ir."Talvez os personagens Telles e Fletcher representem os extremos, já que ambos são inflexíveis em algum ponto e acreditam que há apenas um caminho que nos leva para onde desejamos ir."
Porém, o garoto Telles tem uma única certeza e não mede esforços para realizar o que tanto almeja. Então, convido-os a pensar além das partes e ampliar o olhar para o todo que o filme representa.
Quantas vezes em nossas vidas somos limitados pelos outros? Muitos crescem com carreiras e caminhos já definidos pela família, como se houvesse a obrigação de perpetuar os papeis e convenções familiares. Ou então, quando fazemos uma escolha muito diferente do convencional, o apoio tão esperado da família a favor da nossa decisão nunca chega. O normal é sermos dissuadidos de realizar grandes feitos ou de tentar seguir nosso próprio caminho, independente de algo ou alguém.
BOM É MELHOR QUE ÓTIMO
Por outro lado, quem disse que só seremos felizes alcançando a perfeição? Nós nos cobramos demais, e mesmo que a realização do nosso sonho esteja próxima, é como se a jogássemos para longe, por não nos sentirmos merecedores dela."Nós nos cobramos demais, e mesmo que a realização do nosso sonho esteja próxima, é como se a jogássemos para longe, por não nos sentirmos merecedores dela."
Um dos lemas da Psicologia Positiva é o de que o bom é melhor do que o ótimo. E talvez possamos alcançar mais facilmente nossos objetivos se deixarmos de lado o ideal da perfeição.
Mas qual seria o limite entre um sonho e uma obsessão? A verdade é que a resposta é de cada um. Definitivamente, não é possível enquadrar todos em apenas um padrão. Cada um tem uma história de vida, aprendizados e uma maneira única e singular de encarar seus problemas. Talvez, para atingir aquele sonho que tanto almeja, você precise apostar todas as fichas. Ou, então, precise ter perspectiva e saber que há outros caminhos que podem levar a um mesmo lugar. A única certeza é a de que devemos ter sonhos e traçar os objetivos para alcançá-los. E neste momento, mesmo que os outros lhe digam para desistir por ser impossível, você pode ir além. Talvez seja impossível mesmo. Mas, se não tentar, como irá saber?
SOBRE O AUTOR: MARIA CRISTINA
É psicóloga e atende em consultório em BH. Tem amor pela profissão e o desejo constante de auxiliar as pessoas a enfrentar suas crises e a buscar o autoconhecimento. Saiba mais »
Revista PERSONARE

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