Rieu

21/01/2014

Um Ego Saudável Em Uma Vida Significativa

 Image: ‘The Guardian’ by Catherine Ellis
De 11 de Janeiro a 9 de April de 2014: Discernimento do Ego


Neste fim de semana, vemos a formação de uma influência celeste que permanecerá conosco até a segunda semana de abril: um triângulo formado por Júpiter, Quíron e Plutão, através do qual nos deparamos com a necessidade de alimentarmos um ego saudável, ao mesmo tempo em que reconhecemos a possibilidade de estarmos sendo indulgentes com um ego pouco saudável sem o percebermos.

Fala-se muito sobre o ego em vários ensinamentos espirituais e, como resultado, às vezes ele é demonizado, levando-nos a acreditar que deveríamos erradicá-lo completamente, tornando-nos nada mais que entidades subjetivas, nas quais não haja espaço para identificação ou autonomia, preferência ou simpatia. Aprendemos que o Ego está na raiz de todo sofrimento, fazendo com que nos identifiquemos de forma pessoal com a presença impessoal do sofrimento em nossas vidas. “Esta é a minha dor”, dizemos a nós mesmos, “e, portanto, ela me define e define a minha experiência.” Por outro lado, podemos nos identificar com o prazer, agarrando-nos a ele de medo que se vá, ansiando pelo próximo momento prazeroso, no qual poderemos definir o “eu” e o “meu”. Ouvimos sobre a necessidade de transcendermos o sofrimento, desapegarmo-nos da identificação, liberarmos o desejo, a fim de vivenciarmos a nós próprios como o ilimitado e impessoal vórtice de energia e influência que nós somos em essência.

Tudo isso está bem, exceto que há muito mais sobre o ego do que aquilo que satisfaz o “olhar transcendente”. Principalmente porque ele tem um papel vital em nossas vidas humanas, e nossa incapacidade de alimentar um ego saudável pode inviabilizar, não apenas a realização do nosso potencial, mas também nosso relacionamento final com o Divino.

Então, como podemos reconhecer um ego saudável? Eu diria que ele apresenta as seguintes qualidades… embora vocês possam ter outras que gostariam de acrescentar ou algumas que gostariam de retirar desta lista (como talvez eu mesma o faça, no devido tempo!):

1) Capacidade de manter um nível de autoestima que facilite a comunicação sincera, o estabelecimento de limites adequados nos relacionamentos e a busca de um estilo de vida que propicie bem-estar, satisfação apropriada e insight.

2) Capacidade de reconhecer sua própria dignidade e o direito ao respeito de outras pessoas, sem a necessidade de se sentir “melhor do que” ou superior a elas.

3) Capacidade de tolerar as diferenças, sem denegrir a imagem daqueles que percebemos como diferentes de nós mesmos.

4) Aptidão para sentir empatia pela experiência de outra pessoa, inclusive a ponto de se dispor a renunciar à gratificação pessoal se tal gratificação implicar em prejuízo ou sofrimento desnecessários para o outro. 

5) Aptidão para reconhecer o valor de toda a vida – humana ou não – e de agir para protegê-la e nutri-la.

6) Disposição para admitir erros e aprender com os outros, sem sentir que isto diminui seu próprio valor essencial.

7) Capacidade de manter seu ponto de vista diante da oposição em questões de consciência, sem fazê-lo de modo desnecessariamente violento ou agressivo.

É lógico que, como acontece com tantas outras coisas, isto não é uma ciência exata! Temos que discernir a melhor forma de permitir ou não que o ego nos guie. Em determinadas questões, podemos saber que devemos manter nosso ponto de vista sem reservas, enquanto que, em outras, podemos ceder e permitir que a ideia dos outros prevaleça. Podemos nos identificar intensamente com certos aspectos de nossas vidas e, ao mesmo tempo, saber que outros têm pouca ou nenhuma importância em momentos críticos.

E, para aqueles que observam a trajetória de nossas vidas, nossas decisões pessoais relacionadas a essas questões podem parecer arbitrárias, na melhor das hipóteses, e totalmente inconsistentes, na pior delas. Mas, em última análise, precisamos prestar contas apenas à nossa bússola interna, magnetizada pelo Divino que se move através de todas as coisas, incluindo as estruturas do nosso ego!

Isto nos traz de volta a esta mensagem planetária, porque em breve ela estará falando alto e claro: precisamos de egos saudáveis e robustos para navegar através das situações que se aproximam. E um ego robusto não é um ego intimidador, mas aquele que consegue suportar as “pedradas e flechadas do destino implacável” (obrigada, William Shakespeare!), sem cair em desespero, ódio por si mesmo e resignação, ou sem partir para o narcisismo, arrogância e exigências não negociáveis voltadas para satisfação pessoal.

Precisamos da capacidade de encarar os desafios e saber que, embora os vivenciemos de forma tão pessoal, em última análise eles não são o que nem quem nós somos. Eles fazem parte da nossa jornada, mas não refletem a nossa destinação, portanto não devemos confundi-los com ela. Nem devemos descartá-los como irrelevantes, procurando simplesmente transcendê-los, pois isto os impediria de cumprir o propósito de sua presença em nossas vidas – o propósito de nos aprimorar.

Há muito mais a ser dito sobre a questão do ego e seu papel em nossas vidas neste momento fundamental do nosso desenvolvimento. Mas, por ora os céus apontam para o nosso interior, indicando que cada um deve voltar-se para dentro de si mesmo e refletir sobre a questão: “o que constitui um ego saudável e até que ponto essas qualidades estão se refletindo na minha vida neste momento?” Entrar na próxima fase com esta pergunta viva em nossas mentes e corações pode nos ajudar a adquirir a percepção que reconhece onde nosso ego é forte e adequado e onde ele está fora de equilíbrio e precisando de cura.

Com a chegada da Lua Cheia no meio da semana que vem, exploraremos mais profundamente a natureza do ego e do espírito, do mundano e do Divino, descobrindo onde podemos estar enganando a nós mesmos e como corrigir nosso curso.


© Sarah Varcas. Todos os direitos reservados.
Postado por: Celia em Anjo De Luz

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