03/06/2018

Uma União Sagrada



Uma União Sagrada

Quando as crianças aprendem a andar, tropeçam e caem inúmeras vezes. Esta é a jornada da vida. Cometemos erros, caímos, aprendemos, levantamo-nos, e tentamos de novo. No entanto, cada vez menos. A vida tem os seus altos e baixos. Podemos tentar viver a vida como perfeccionistas, mas às vezes, até o melhor de nós pode ser surpreendido. Podemos escorregar quando menos esperamos. Em 1960, Wim Esajas, um corredor de 800 metros, tornou-se o orgulho e alegria do seu país tornando-se o seu primeiro atleta olímpico. Infelizmente, deram-lhe uma hora errada para o início da competição e ele acabou por dormir durante o evento. Esajas perdeu a sua oportunidade, e o seu país teve de esperar mais oito anos por outro atleta olímpico. Mas, a vida deu a Esajas e ao seu país outra oportunidade. A vida arranja sempre uma forma de o fazer.

O Criador é Amor, e o amor dá sempre outra oportunidade. Em cada semana, está presente no cosmos uma das 52 energias específicas que correspondem aos 52 capítulos da Torá. A Torá é o nosso guia e manual de instruções da vida. Através do grande Amor do Criador, esta semana é-nos dada permissão para sermos humanos, para cometer erros, e assim também nos é dada a misericórdia das segundas oportunidades. Mesmo que possamos perder uma oportunidade, há opções que sempre nos estão disponíveis. O Criador ensina-nos que é isso o amor: segundas oportunidades.

Esta semana na Torá lemos a história dramática de Shlach Lecha. O Criador envia 12 dos israelitas, que eram líderes justos e os chefes de cada tribo, para irem à frente e inspecionar a Terra Prometida. Eles deviam ir à frente e notificar os israelitas sobre as condições com que se deparassem. Talvez tenha sido um teste do Criador. No entanto, os 12 líderes regressaram com um relatório negativo e falso. Mentiram sobre o que viram porque tinham receio de que se os israelitas soubessem o quão boa e abençoada era a Terra Prometida, iriam apressar-se a ir para lá, e os seus problemas terminariam. Consequentemente, os chefes das tribos, ficariam, por assim dizer, “sem trabalho”; a sua liderança e o seu poder perder-se-iam. Esta perspetiva não lhes agradava, pelo que decidiram mentir sobre o que viram. Nesta altura, apesar de terem vivido os grandes milagres do Criador e experimentado muitos atos do Seu Amor, os israelitasnacreditaram de facto nas mentiras e duvidaram completamente do Criador. Chegaram a pedir para voltar para a escravatura no Egito!

Esta porção da Bíblia é uma das poucas que lidam diretamente com o julgamento. À primeira vista, parece ser apenas uma história negativa. Mas, no fundo, é a sua joia escondida e uma bênção do Criador, como sempre. As pessoas caíram. Mentiram para manter o seu poder. Duvidaram do Criador, não confiaram no processo, e até quiseram renunciar ao plano e voltar para casa. Mentir, duvidar e quebrar compromissos com pessoas que amamos, infelizmente não é algo novo para nós. Todos cometemos esses mesmos erros e somos culpados de até muito pior, mas ainda estamos aqui. Enfrentamos ainda mais um dia porque o Criador nos ama. Ele quer que completemos o nosso trabalho na terra: aprender a amar-nos uns aos outros como nos amamos a nós mesmos. Todas as semanas, mesmo que a história da Bíblia tenha milhares de anos, lemos realmente sobre nós mesmos. A Torá está sempre no tempo real.

Como seres humanos, mentimos. Questionamos o Criador quando as coisas vão mal e partimos os corações dos entes queridos. Somos humanos e fomos colocados aqui para cometer estes erros. Mas também fomos colocados aqui para aprender e crescer no processo. A viagem que nos leva do ego para o amor não acontece da noite para o dia. Como uma criança a aprender a andar, recebemos o amor e o espaço para cair e a permissão para tentar novamente. O Criador ficou de facto furioso com os israelitas e queria impedi-los de alguma vez entrarem na terra. Mas essa não foi a decisão final. Como Moisés diz na porção desta semana, "o Senhor é lento a zangar-se, e abundante na bondade amorosa, perdoando a iniquidade e transgressão”. O Criador ama-nos e sabe que vamos cair. Mas a Luz estará sempre lá, levantando-nos e levando-nos de volta ao caminho certo. Não precisamos de ter medo de falhar. Não precisamos nunca temer ser abandonados. Não precisamos nunca temer não ser bem-sucedidos, pois o Criador é Amor, e o amor é uma segunda oportunidade.

Esta semana nas suas meditações, veja-se nos pequenos sapatos de cada criança quando está a aprender a andar. A cada passo que dá na vida, você fica mais perto de entrar nos braços amorosos do Criador. Sabendo, o tempo todo, que vai cair, mas que não faz mal. Você será capaz de erguer-se novamente, e o Criador está lá para o içar e ajudá-lo a começar de novo. Isto é o que o verdadeiro amor é. O amor não é uma jaula de perfeccionismo ou um veredicto de culpado. O amor é misericórdia. O amor é compreensão. O amor arde por nós dentro do coração do Criador, e é o que encontramos também nos nossos corações, basta apenas estarmos dispostos a cultivá-lo.

Quando caímos, muitas vezes suplicamos clemência para nós mesmos. Mas quando os outros caem, exigimos justiça. Se conseguirmos abrir um pouco mais os nossos corações esta semana e aprender a dar aos outros segundas oportunidades, podemos ter a certeza de descobrir que não nos será dado menos que isso.

Karen

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