(imagem gogle)
Conselhos ajudam
quem precisa se desapegar de um relacionamento que terminou
É indiscutível: a maior curiosidade e
a grande urgência em leituras de Tarot é o amor. Mesmo quando há pistas de
que não existe afeto em uma das partes envolvidas, o tema persiste. Há tantos
anos atuando como tarólogo, percebo que o maior agravante de uma leitura oracular
se dá quando é nítido o apego a uma relação que já não existe, tendo ela
acabado por bem ou por mal.
Para esses casos, tenho alguns conselhos a compartilhar. São cinco
lições para refletir e colocar em prática.
O PRIMEIRO PASSO É ACEITAR A DOR
O afeto nos afeta. É preciso entender
as emoções do consulente* para que a ajuda seja eficaz. Elas são nossas forças
motivadoras, pois nos levam a reagir, aproveitar ou nos defender de
determinadas situações. Sem emoção, nenhuma relação pode ser substancial -
quando a expressão dos sentimentos é boicotada ou negligenciada, elas congelam
dentro de nós, voltando contra nossos próprios interesses. Emoções acumuladas
tendem a se materializar em doenças ou problemas no corpo físico, gerando ainda
mais confusão e inadequação."Emoções acumuladas
tendem a se materializar em doenças ou problemas no corpo físico, gerando ainda
mais confusão e inadequação."
Por isso que o primeiro passo em relação à clareza emocional é a
verdadeira aceitação da dor. Isso vale para a sensação ruim causada por um
rompimento amoroso, por exemplo.
De longe uma das piores dores que o ser humano sente, a perda afetiva
pode gerar problemas insolúveis a curto ou longo prazo. Prender-se a uma pessoa
específica pode ser sinal tanto de que o amor não acabou quanto de apego
exagerado à rotina ou aos recursos que a relação oferecia. Por isso, para
começar a superar um término afetivo ou mesmo um abandono repentino, é preciso
encarar a situação sem máscaras. A realidade dói, mas é ela que tonifica a
autoestima para seguir adiante na busca da pessoa ideal.
É PRECISO DEIXAR DE SE PUNIR
A maioria das pessoas - você e eu estamos incluídos nessa - é educada
para não aceitar suas próprias experiências emocionais. É mais fácil
escondermos o que se passa conosco ou então nos criticarmos quando sentimos
algo diferente do esperado. Assim, avaliamos nossos sentimentos como certos ou
errados, levando a um bloqueio interno gradativo, já que quando o abandono, a
culpa, o remorso ou mesmo a saudade atacam, tememos que se trate de uma punição
por não estarmos à altura de determinada pessoa ou situação. Então começa uma
luta desesperada dentro de nós, como se algo estivesse errado com a vida, com a
pessoa amada ou com o nosso coração. Mas é deixando de fugir das situações que
elas podem mudar de forma e intensidade. Parar de lamentar o que nos acontece é
um diferencial importante para haver melhora e solução.
QUANDO UM DEIXA DE AMAR, DOIS NÃO EXISTEM MAIS
Ele(a) vai voltar pra mim? É esta a
pergunta clássica que todo tarólogo ouve ao menos uma vez na vida. E a
resposta, na maioria das vezes, é um "não" disfarçado de esperanças e
idiossincrasias. Lidar com o apego emocional pressupõe reconhecer a dor que ele
causa - o primeiro passo no trajeto da recuperação da autoestima. Sim, dói
pensar e esperar pela pessoa que partiu e não vai voltar, daí a procura
incessante aos oráculos que atravessa os tempos. Mas ao deixar de se culpar
pela perda amorosa, a pessoa tende a começar a entender que não é o fim do
mundo e da vida, por mais promissora que parecesse a relação.
Quando um deixa de amar, dois não
existem mais. Esse novo ditado indica que o apego ao que terminou é um indício
claro de que não aceitamos a liberdade de escolha da outra pessoa, mesmo sendo
ela injusta aos nossos olhos."o apego ao que
terminou é um indício claro de que não aceitamos a liberdade de escolha da
outra pessoa, mesmo sendo ela injusta aos nossos olhos."
Um rompimento abrupto pode dilacerar um coração e traumatizar alguém
frente às possibilidades futuras de envolvimento amoroso, mas nem por isso é
motivo para justificar uma postura irredutível, rancorosa e insistente. É comum
teimar em querer reconquistar a pessoa que abandona, como se houvesse uma
chance para resgatar um sentimento que na verdade deve ser libertado para se
dissolver com o tempo. É crucial perceber que nem sempre é possível mudar as
decisões de uma pessoa. Teimar em recuperar um relacionamento pode dar certo
para a pessoa interessada, mas para quem rompeu pode ser um problema que
desencadeia ofensa, ódio e até aversão. Assim, a dificuldade de aceitar a
posição do outro acentua o sentimento de rejeição, causando ainda mais dor e
revelando o ódio - a contraparte do que se sentia até então.
ENXERGAR-SE PARA TRANSCENDER AS EXPECTATIVAS
Para lidar com o amor que não é mais
correspondido, é preciso se distrair. Sim, tentar sair do círculo massacrante
das lembranças e das esperanças que machucam ainda mais. Esperar pela pessoa
amada, a mesma pessoa que pode ter abandonado ou não ter dado mais notícias
depois de um período tão bom, é o mesmo que intensificar a própria carência. A
pessoa que depende de outra para se sentir viva é exatamente aquela que não
sabe viver consigo própria, precisando de companhia para não se assombrar com
os próprios problemas."A pessoa que
depende de outra para se sentir viva é exatamente aquela que não sabe viver
consigo própria, precisando de companhia para não se assombrar com os próprios
problemas."
Primeiro é preciso tomar consciência de que ninguém pode fazer alguém
cem por cento feliz. A "felicidade eterna com a pessoa perfeita" é um
dos mitos que merecem ser derrubados o quanto antes. Deixar de ter expectativas
exageradas pressupõe entender que o relacionamento rompido foi bom enquanto
durou - deu certo enquanto houve amor correspondido de ambos os lados. Assim,
levando a vida e a situação às claras, é possível perceber que a ansiedade para
recuperar o que se perdeu é uma postura medrosa diante do desconhecido, que na
maioria das vezes surpreende positivamente. Refletir sobre o que realmente
queremos da pessoa que foi embora é outro passo importante para definir nossas
atitudes diante da dor.
UMA BOA DOSE DE AUTOESTIMA
Em muitos casos, o apego ao que
terminou está relacionado a um forte ideal de reconquista ou então de vingança,
por menos que se queira mal quem nos fez mal. Mas para recuperar a energia e a
motivação para viver com paz e amor verdadeiro, é necessário nos darmos conta
de que a obsessão por alguém é um sinal de baixa autoestima."para recuperar a energia e a motivação para viver com paz e amor
verdadeiro, é necessário nos darmos conta de que a obsessão por alguém é um
sinal de baixa autoestima."
A pessoa que chega ao ponto de se rebaixar por outra está nitidamente
bem distante de si própria, anulando sua própria força. Seja por afeto
verdadeiro, por hábito ao que se perdeu ou mesmo por medo do futuro, o apego
emocional é também um sinal de egoísmo e despreparo para lidar com o próprio
amor. Diante da indignação emocional, o importante é que é possível sair do
estado de pura tristeza e assumir uma postura tranquila em relação ao que virá.
Nenhuma dor dura para sempre, e o futuro tende a ser melhor do que pensamos.
Por isso é bom levar em conta que a autoestima define o nosso destino. O grau
de coragem e de aceitação da vida reconfigura o caminho escolhido e também as
circunstâncias impostas. A dor de um amor perdido pode durar para sempre se nós
não colocarmos também um fim nele. Uma postura aberta ao novo, sem esperar
problemas, é essencial para atrair relações mais serenas e sensatas, longe de
uma utopia. Por isso é imprescindível respeitarmos nossos limites e nossas
necessidades. Quando aprendermos a medir palavras e atitudes, será possível
revitalizar o coração com frequência e excelência.
SOBRE O AUTOR:LEO CHIODA
É
escritor e tarólogo. Dedica-se a palestras sobre Tarot, pesquisas históricas e
prática da leitura das cartas. É também autor da análise de Tarot Mensal do
Personare. Saiba mais »
Revista Personare
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